texto por JOÃO WAINER Quando um pixador escala um prédio e escreve lá no alto o nome de seu grupo, ele quer que todo mundo veja. Em São Paulo quase ninguém gosta do que eles pixam e é exatamente isso o que eles querem. A pixação é uma agressão, um crime, mas é também uma forma de expressão das mais sofisticadas. São Paulo é feia, agressiva e oprime quem esta em baixo e é de lá que vêm a maioria dos pixadores. Escolas, hospitais, delegacias e outros serviços públicos são de qualidade duvidosa, falta opção pro moleque da quebrada, a vida é difícil bem na fase em que os hormônios da adolescência estão bombando. Uma pixação na parede reflete tudo de ruim que a cidade tem pra oferecer. O egoísmo, a perversidade e a opressão da metrópole estão representadas no muro pixado. A arquitetura desordenada, as esquinas, as linhas retas verticais. A cidade serve como suporte, mídia e tela. As linhas retas verticais dos prédios são as linhas guias do caderno de caligrafia gigante em que a cidade